Percepção de Estudantes de Medicina sobre manejo e trabalho em Equipe em Simulações de hemorragia

62º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia 

TÍTULO: Percepção de Estudantes de Medicina sobre manejo e trabalho em Equipe em Simulações de hemorragia

OBJETIVO: Avaliar a percepção de estudantes de medicina que participaram como observadores sobre o desempenho técnico e do trabalho em equipe em simulações in situ de hemorragia pós-parto.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional realizado no centro obstétrico e na enfermaria de alojamento conjunto de um hospital universitário do SUS, em abril e maio de 2024. As simulações representavam um caso de hemorragia pós-parto responsivo às condutas de ressuscitação e às medicações uterotônicas, quando realizadas corretamente. Os participantes, participaram previamente de aula on-line e receberam material de estudo e foram divididos em dois grupos: um avaliou o desempenho técnico com um checklist de hemorragia pós-parto e o outro utilizou o instrumento TEAM para avaliar o trabalho em equipe. Os dados são apresentados com estatística descritiva.

RESULTADOS: Quarenta e dois estudantes participaram das simulações e foram convidados a participar da pesquisa, sendo que 28 participaram: 20 preencheram o checklist técnico (90,9% de participação) e 8 o instrumento TEAM (36,4%). No checklist de hemorragia, os itens com maior acerto foram o diagnóstico adequado (100% de acertos), a solicitação de ajuda e a realização de massagem uterina (90%). Já os itens menos adequados incluíram o cálculo do índice de choque (50%) e a sondagem vesical de demora (40%). Em relação ao trabalho em equipe, os pontos mais bem avaliados foram a antecipação de ações, a priorização de tarefas importantes e a atuação do líder da equipe. Por outro lado, a comunicação eficiente e a compostura da equipe foram consideradas inadequadas.

CONCLUSÃO: A percepção dos estudantes destacou o bom desempenho no diagnóstico e nas ações imediatas durante a hemorragia pós-parto, mas revelou falhas em aspectos técnicos específicos e na comunicação da equipe. Esses achados reforçam a importância das simulações in situ para identificar lacunas e aprimorar o treinamento em situações críticas obstétricas. A taxa de respostas ao checklist técnico foi significativamente maior que ao de avaliação do trabalho em equipe, o que pode representar uma lacuna de conhecimentos, habilidades e atitudes que deve ser trabalhada no curso.

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